O ano de conquistar o hexa chegou novamente à Ilha do Retiro e, para não perder a chance de alcançar a sonhada conquista, a direção leonina resolveu investir pesado na formação do elenco.
No começo do ano, o Sport anunciava a chegada do atacante Alessandro.
Com duas artilharias recentes da Série B no currículo (em 2007, quando marcou 25 gols, e em 2010, com21), o jogador tinha tudo para dar certo.
Era a realização de um sonho da cúpula rubro-negra em um ano tão importante.
Depois de jogar oito partidas e marcar apenas um gol (de pênalti, contra o Náutico), Alessandro pediu para sair, alegando falta de adaptação.
Era o fim de mais uma passagem fracassada de um candidato a homem-gol na Praça da Bandeira.
Sua queda reacendeu a “maldição da camisa 9″ no clube.
Nos últimos dez anos, inúmeros atacantes de gabarito vestiram o manto vermelho e preto e afundaram, independentemente do momento do time.
O último matador a conquistar a torcida do Leão foi Rodrigo Gral, que ficou apenas três meses na Ilha e foi o artilheiro do Pernambucano de 2001, com 14 gols, uma década atrás.
De lá para cá, o único centroavante que conseguiu alcançar uma boa sequência de gols foi o prata da casa Ciro, que ainda não calibrou o pé nesta temporada.
Mas a culpa pela falta de artilheiros no clube não pode ser jogada na direção do clube, que sempre trouxe jogadores com características goleadoras, mas que, inexplicavelmente, sucumbiram.
Após a perda do Pernambucano de 2001, o Sport foi rebaixado no Brasileiro daquele ano.
Além da pífia campanha, os homens de frente tiveram atuação decepcionante.
Os artilheiros do time foram o atacante Júnior Amorim e o meia Edu Manga, com míseros cinco gols.
Nas Séries B de 2002 e 2003, a massa rubro-negra teve que se contentar em ver o zagueiro Gaúcho se tornar o artilheiro do time, com seis gols (2002) e oito gols (2003).
Em 2004, a situação ficou ainda pior.
A artilharia do time foi dividida entre cinco jogadores: Robgol, Canela, Danilo Santos, Alecsandro, Nildo, todos com apenas três gols.
Em 2005, os dirigentes do Leão não dormiram no ponto e trouxeram os artilheiros das Séries B de 2002 (Vinícius) e 2004 (Rinaldo), para resolver o problema.
Mas a aposta (que parecia certeira), deixou a desejar.
Os dois tiveram uma má passagem e o meia Éder foi o goleador do time na má campanha da Série B, com cinco gols.
Um ano depois, um certo meia, que estampava o número 7 às suas costas, chegou para acabar com a seca de gols e levar o time à primeira divisão.
Fumagalli caiu nos braços da torcida ao marcar 18 vezes naquela edição do torneio, enquanto os atacantes Adriano Magrão, Marco Antônio e Anderson Aquino, exibiam desempenhos irregulares.
Já na Série A, em 2007, Carlinhos Bala tomou o protagonismo e balançou as redes 13 vezes, mesmo sem ser um centroavante de ofício.
O atacante Da Silva marcou apenas seis tentos e deixou o clube ao final daquele ano.
Na temporada 2008, o Leão entrava sem muito interesse no Brasileiro, uma vez que levantara o título da Copa do Brasil, no primeiro semestre.
Mesmo assim, o centroavante Roger quase quebra a escrita ao balançar as redes 11 vezes no torneio.
O problema foi o seu jeito desengonçado, que nunca agradou aos exigentes rubro-negros.
O grandalhão era visto como um jogador “apenas matador”.
Em 2009, enquanto o time caía de divisão, sobrou para o atacante Wilson marcar nove gols no Brasileirão, na fracassada temporada.
No ano passado, Ciro, que não joga como “homem de área”, quase colocou o Sport no topo da tabela dos artilheiros, com 16 gols marcados na segunda divisão.
Mas o jovem atacante entrou em má fase e viu o próprio Alessandro ultrapassá-lo.
Mas porque será que um artilheiro nato não repete o seu sucesso na Ilha do Retiro?
Seria a forte pressão da torcida? Da imprensa? Ou apenas a “falta de adaptação”, como alegou Alessandro?
Para o diretor de futebol do clube Severino Otávio, o Branquinho, nenhuma das explicações acima é correta.
O presidente do clube no biênio 2003/04 acredita que o Sport teve sim goleadores de sucesso na última década, mesmo sem conseguir se lembrar deles.
“Tivemos sim bons artilheiros que deram certo, como Adriano Chuva (2003) e…e…e Hélio!”, confundiu-se Branquinho.
Vale lembrar que o artilheiro Hélio brilhou no Sport no início da década de 1990.
Ao forçar a lembrança de outro nome, o diretor de futebol vaticinou: “Teve Ribamar também”, acrescentou, sem conseguir lembrar de outros nomes e esquecendo-se de que Ribamar era um meia, que jogou no final da década de 1980.
Mais ponderado, Sílvio Guimarães, presidente do Sport em 2009/10, afirma que a “maldição da camisa 9″ não passa de mera coincidência.
“Não há pressão maior aqui ou outro motivo. É tudo uma coincidência. Alessandro saiu mas o time todo estava mal no ataque e a cobrança em cima dele foi maior por isso”, afirmou.
“Tivemos o melhor ataque do Pernambucano em vários anos, mas o Sport nunca foi especialista em fazer artilheiros. Tivemos alguns de sucesso como Leonardo, Hélio, Roberto Coração de Leão…Mas, dos três da capital, o Sport era o que tinha menos goleadores”, lembrou.
Em seguida, o ex-mandatário do clube aproveitou para alfinetar seus adversários e reafirmar a supremacia rubro-negra no Recife.
“Nunca tivemos muitos artilheiros porque o Sport se preocupava mais em levantar as taças, que é o que realmente importa”, finalizou.
Confira os artilheiros do Sport nos últimos dez Campeonatos Brasileiros:
SÉRIE A
2001 – Edu Manga e Junior Amorim – 5 gols
2007 – Carlinhos Bala – 13 gols/Da Silva – 6 gols
2008 – Roger – 11 gols/ Durval – 8 gols
2009 – Wilson – 9 gols/ Fabiano – 8 gols
SÉRIE B
2002 – Gaúcho – 6 gols/ Cacá, Wellington Amorim, Carlinhos e Fabrício – 4 gols
2003 – Gaúcho – 8 gols/Adriano Chuva e Weldon – 7 gols
2004 – Róbson, Alecsandro, Canela, Danilo Santos e Nildo – 3 gols
2005 – Éder – 5 gols/Jadílson – 4 gols
2006 – Fumagalli – 18 gols/Adriano Magrão – 10 gols
2010 – Ciro – 16 gols/Wilson – 7 gols
Blog de Primeira
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