Por Richard Souza
Rio de Janeiro
Segunda-feira. Dia do descanso, da ressaca do fim de semana. Bares e
boates fechados e silêncio nas ruas mais badaladas. Assim funciona em
quase todo o Rio de Janeiro, mas nos 3,5 mil m² de uma luminosa e
imponente casa de shows na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de
Janeiro, cerca de seis mil pessoas sacolejam ao som do pagode e do funk.
Espalhados pelos 200 camarotes com seus cordões gigantescos, camisas
apertadas e bebidas na mão estão os jogadores de futebol. Uns famosos,
outros nem tanto. Mas todos atraídos pelo perfil que o empreendimento,
aberto há nove meses, tem.
Inaugurado em novembro de 2011 com um investimento inicial de R$ 10
milhões, o Barra Music transformou-se em point dos jogadores durante a
semana – há programação fixa às segundas e quintas – e pesadelo para
treinadores e dirigentes dos clubes cariocas. Antes de deixar o
Flamengo, o técnico Joel Santana citava o local como um dos “culpados”
pelo fracasso de seu trabalho.
- Os caras moram lá. Nunca vai dar certo.
Não foram poucas as vezes em que Ronaldinho atrasou-se para um treino
matinal após passar a madrugada por lá. Até em casos policiais a casa
foi envolvida. Em dezembro, quando ainda era jogador do Corinthians,
Adriano foi acusado - e depois inocentado - de balear uma jovem na mão
ao sair de um show do cantor Leandro Sapucahy. Outros tantos, não apenas
do Flamengo, batem ponto semanalmente. Há até jogadores de outros
estados que encaram a viagem pela noitada – na segunda-feira, dia 20 de
agosto, o atleticano Jô esteve presente na roda de samba do grupo
Revelação. O deputado federal Romário, famoso por gostar de hip hop, foi
pela primeira vez ao lugar em um show do Trio Ternura.
- Sou amigo de um dos donos, já tinha sido convidado e estou
comemorando o aniversário de um amigo. Sei que os jogadores gostam, meu
filho (Romarinho) frequenta a casa. É ampla, muito bonita, a música é
boa. Quero estar aqui outras vezes. Não sou mais jogador de futebol,
agora sou político, mas no meu tempo curtia mais hip-hop, funk. Não
tenho nada contra pagode - afirmou.
Mas por que tanto fascínio? As respostas resumem o estereótipo da
profissão. Lugar espaçoso, certa dose de privacidade, mulheres com
vestidos curtos e justos - quase embalados a vácuo –, trilha sonora
predileta da classe e localização ideal para o público-alvo. Gerente de
marketing e artístico da casa, Walnir Oliano reconhece o perfil
favorável à presença de jogadores:
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