terça-feira, 4 de setembro de 2012

Música, privacidade, mulheres: a casa de shows que virou lar de boleiros

Por Richard Souza Rio de Janeiro

 Segunda-feira. Dia do descanso, da ressaca do fim de semana. Bares e boates fechados e silêncio nas ruas mais badaladas. Assim funciona em quase todo o Rio de Janeiro, mas nos 3,5 mil m² de uma luminosa e imponente casa de shows na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro, cerca de seis mil pessoas sacolejam ao som do pagode e do funk. Espalhados pelos 200 camarotes com seus cordões gigantescos, camisas apertadas e bebidas na mão estão os jogadores de futebol. Uns famosos, outros nem tanto. Mas todos atraídos pelo perfil que o empreendimento, aberto há nove meses, tem.

Inaugurado em novembro de 2011 com um investimento inicial de R$ 10 milhões, o Barra Music transformou-se em point dos jogadores durante a semana – há programação fixa às segundas e quintas – e pesadelo para treinadores e dirigentes dos clubes cariocas. Antes de deixar o Flamengo, o técnico Joel Santana citava o local como um dos “culpados” pelo fracasso de seu trabalho.
- Os caras moram lá. Nunca vai dar certo.
Não foram poucas as vezes em que Ronaldinho atrasou-se para um treino matinal após passar a madrugada por lá. Até em casos policiais a casa foi envolvida. Em dezembro, quando ainda era jogador do Corinthians, Adriano foi acusado - e depois inocentado - de balear uma jovem na mão ao sair de um show do cantor Leandro Sapucahy. Outros tantos, não apenas do Flamengo, batem ponto semanalmente. Há até jogadores de outros estados que encaram a viagem pela noitada – na segunda-feira, dia 20 de agosto, o atleticano Jô esteve presente na roda de samba do grupo Revelação. O deputado federal Romário, famoso por gostar de hip hop, foi pela primeira vez ao lugar em um show do Trio Ternura.
- Sou amigo de um dos donos, já tinha sido convidado e estou comemorando o aniversário de um amigo. Sei que os jogadores gostam, meu filho (Romarinho) frequenta a casa. É ampla, muito bonita, a música é boa. Quero estar aqui outras vezes. Não sou mais jogador de futebol, agora sou político, mas no meu tempo curtia mais hip-hop, funk. Não tenho nada contra pagode - afirmou.
Mas por que tanto fascínio? As respostas resumem o estereótipo da profissão. Lugar espaçoso, certa dose de privacidade, mulheres com vestidos curtos e justos - quase embalados a vácuo –, trilha sonora predileta da classe e localização ideal para o público-alvo. Gerente de marketing e artístico da casa, Walnir Oliano reconhece o perfil favorável à presença de jogadores:

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