domingo, 20 de dezembro de 2015

Quem é e o que pensa Arnaldo Barros, o advogado que comanda o futebol do Sport

postado em 20/12/2015 14:51 / atualizado em 20/12/2015 16:14

Arnaldo José de Barros da Silva Júnior é um homem de trato fino, mas discurso sempre firme. Dono de uma retórica digna do advogado de sucesso que é, faz questão de ponderar sobre tudo com extrema habilidade e explicar as coisas nos mínimos detalhes. À frente do futebol do Sport há um ano e meio, é conhecido, sobretudo, por suas fortes convicções. Foi assim, por exemplo, que abraçou o técnico Eduardo Baptista e blindou o treinador nos seus momentos mais difíceis no Leão. Não à toa, não esconde a sua mágoa com a saída repentina do treinador durante a Série A. Desde a ida de Eduardo para o Fluminense, ambos não se falaram mais.

Em uma entrevista de aproximadamente uma hora aoSuperesportes, Arnaldo Barros, advogado formado na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), especialista em direito trabalhista, mergulhou no mundo do futebol. Falou sobre o passado, presente e futuro. Falou sobre a sua filosofia de trabalho, o início da sua ligação com o Sport, cotas, critérios de contratação, planejamento e da parceria com o presidente João Humberto Martorelli – cujo é sócio também no ramo profissional (na Martorelli Advogados).

Como e quando começou a sua ligação com o Sport?
Eu nasci de uma família de rubro-negros. Meus pais são torcedores ferrenhos do Sport e eu herdei toda essa carga. Meus irmãos, um é do Santa Cruz, outro é do Náutico, mas minhas duas irmãs são rubro-negras. Meu pai já foi conselheiro do Sport. Ele se chama Arnaldo José de Barros de Silva. Eu sou o Arnaldo Júnior. Meu pai é deficiente visual (já nasceu com a deficiência), mas ia para a Ilha do Retiro para sentir o calor, a acolhida e a vibração da torcida. Para você ver o nível de engajamento: fui atleta amador do Sport desde cedo. Comecei lutando judô. Depois, fui atleta de futebol, nas categorias de base naquela época. Sempre nutri essa paixão pelo clube.

Muita coisa aconteceu até o senhor chegar à função atual. Como foi a sua trajetória no clube?
Na época de Milton Bivar, fui chamado para colaborar com o Sport por Márcio Jatobá. Como eu era sócio de Martorelli e nós tínhamos uma aproximação muito grande com o pai de Márcio, não pude negar o convite. Passei um período como diretor jurídico do clube, em 2007. Posteriormente, na gestão de Gustavo Dubeux, Martorelli foi praticamente intimiado a assumir a vice-presidência jurídica do Sport. E como eu sou sócio de Martorelli há muitos anos (mais de 15 anos), ele me chamou para ser o diretor jurídico e ajudá-lo. E nós ficamos por dois anos. Tive uma identificação muito grande com Gustavo e comecei sempre a me aproximar do futebol, o que era uma necessidade, pois o futebol precisava de uma regulamentação jurídica, contratos formais que pudessem ser repetidos. Precisava de mais organização. Então, me aproximei mais do futebol e de Gustavo. Em seguida, veio Luciano Bivar e Martorelli saiu da vice-presidência jurídica para ser o vice do executivo. E eu assumi a vice jurídica. Passamos um bom tempo até que houve a necessidade da formação da força-tarefa no futebol. Tentávamos o acesso em 2013. Então, foi idealizado e composta essa força-tarefa. Como eu estava próximo do futebol, ficamos eu e Gustavo Dubeux, Luciano Monte e Marcos Amaral. Nós quatro formamos esse grupo, que resultou no acesso do Sport à Primeira Divisão. Neste mesmo ano, Luciano passou a condução do clube a Martorelli, que assumiu interinamente. A força-tarefa continuou. Só que em apoio ao vice de futebol que era Sérgio Kano. Ficamos dando apoio por todo o Estadual e Copa do Nordeste, até que ele saiu e não me restou alternativa senão atender ao pedido de Martorelli para assumir o futebol. Ao fim do ano, houve eleição, Martorelli foi o candidato, participei da chapa como vice-executivo. Vencemos. Na formação das vices presidências, fui convocado novamente. Montei a diretoria com os companheiros Aloísio Maluf e Álvaro Figueira. Ambos me ajudaram muito e são responsáveis por tudo o que o Sport fez, tanto no ano passado quanto este ano. Em um dado momento deste ano, Álvaro saiu e Maluf continuou.

O senhor assumiu o cargo de vice-presidente com a saída de Sérgio Kano, em 9 de junho. Como o senhor se capacitou para a função?

Desde o primeiro momento, lá em 2007, quando eu integrei a direção jurídica do Sport, que comecei a estudar o tema. Fui ler a legislação, me familiarizar. Nesse aprofundamento, e depois participando no dia a dia, fui adquirindo algum conhecimento sobre a parte jurídica do futebol. E os contatos vieram no exercício da função.

Na gestão do presidente Martorelli, há uma grande preocupação com a profissionalização de cada unidade do clube. O futebol é o carro-chefe do clube. Como é que vem se dando esse processo no Sport? O que vocês têm feito para tornar o futebol do clube mais profissional?

Essa questão não é de hoje. Já houve tentativas anteriores de contratação de profissionais. O que diferencia hoje é o nível de delegação que é dado ao profissional atualmente na gestão de Martorelli. Antes, chegamos a ter vários outros: Marcos Amaral era contratado. Cícero Souza… O que acontecia diferente de hoje era o nível de delegação, que era menor a que é dada hoje ao profissional. Tal como foi com Nei Pandolfo e é com André Zanotta. Procuramos conferir a ele maior poder. Lógico que a instância político-deliberativo final continua nas mãos dos diretores não remunerados e do presidente. Mas todo aquele trabalho que antes era voluntariamente realizado pelos diretores não empregados é dado ao diretor executivo.

O Sport acertou praticamente em todas as contratações nesta temporada. Quais os critérios utilizados e como é o processo de negociação para contratar ou renovar o contrato de um atleta?

Respondendo objetivamente a pergunta: tudo começa na análise do atleta em termos de desempenho. Temos um departamento de análise que tem lá programas que hoje são adquiridos por todos os clubes, que dissecam a vida do atleta. É feita a análise de todas as características: quais são formas que o atleta mais se adapta a jogar, quais os sistemas táticos que ele melhor se adapta, as áreas do campo que ele mais atua, como é a performance dele defendendo, atacando, com bolas alçadas à área, se é um bom cabeceador, se tem boa impulsão, se permanece mais próximo ao gol, se ele tem uma boa bola parada, se entende bem os arranjos táticos que são passados, se é disciplinado, quantos cartões tomou... Isso tudo em números. Analisamos se essas características são aquelas que precisamos para aquela forma de jogar que nós imaginamos desenvolver naquela temporada com aquele treinador. Os atletas que buscamos têm que ter características compatíveis com esse modelo.

E a questão financeira?O atleta cumprindo todos esses requisitos, a comissão técnica tem que aprovar. Aprovando, havendo uma sinergia entre diretoria e comissão, aí vai para a análise das condições econômicas. É feito um estudo para ver se ele é compatível com o nosso orçamento, se há condições de negociarmos. Se sim, dou o sinal verde para as negociações. Estabelecemos as bases, os limites da negociação. O diretor executivo trabalha nisso e me traz o trabalho final. Me diz se conseguiu fechar dentro dos limites. Se não conseguir e esse atleta for realmente importante, ele me traz o problema e vou tentar resolver com o presidente do clube.

O Sport investiu para adquirir os direitos federativos de alguns atletas recentemente. Em outros casos, no entanto, trouxe jogadores emprestados que acabaram saindo do clube sem deixar ganhos financeiros. Isso não prejudica a formação e continuidade do elenco? 
O Sport não tem recurso para comprar os direitos econômicos de todos os atletas e formar um patrimônio de atletas. O nosso patrimônio de atletas, como o nosso presidente tem reiterado, tem que vir da base. É por isso que temos investido tanto na base e queremos incentivar o seu crescimento. Esses vão formar um lastro patrimonial de atletas ao Sport que vai permitir ao clube no futuro vender, negociar, emprestar atletas onerosamente ou gratuitamente e ganhar futuramente na venda. Mas, no momento, o Sport não tem essa possibilidade. Então, a maioria dos atletas que o Sport tem para formar as suas equipes são atletas emprestados de outros clubes e que o Sport, em muitas das vezes, tem que se sujeitar a determinadas regras que não o beneficiam. Mas o clube tem que ceder para ter o atleta.
Ricardo Fernandes/DP
Existe muito “pitaco”, muita gente sugerindo nome de atletas, de técnicos? Como o senhor consegue separar o pessoal do profissional?
Realmente, recebo muitas indicações, mas aqueles que vejo que não tem condições, não consideramos. Aqueles que gerarem a mínima dúvida em mim, positiva ou negativa, passo para que seja analisado. Fiz certa vez um levantamento. No ano passado, em 30 dias, nós tínhamos analisado cem atletas para poder escolher alguns poucos. Mas eu sempre valorizo as opiniões que me chegam, sejam elas da torcida, de conselheiros, de amigos, parentes… Sempre considero, a não ser uma coisa completamente sem razão.

Qual foi o momento mais difícil à frente do futebol rubro-negro?

Destacaria dois momentos. No ano passado, quando o Sport passou oito jogos sem vencer e muita gente queria a saída do nosso treinador. Tive um desgaste muito grande defendendo a permanência do treinador perante o Conselho Deliberativo, perante meus pares de vice presidência, perante ex-presidentes. Depois, o Sport reverteu, o treinador ganhou sete partidas seguidas e o Sport terminou em uma colocação honrosa. Muita gente depois veio agradecer por eu não ter escutado as vozes que queriam tirá-lo.

Outro momento também muito difícil foi, neste ano, foi quando nós passamos por uma situação semelhante, tanto por não termos conseguido os títulos do Estadual e do Nordeste, como também quando passamos 11 partidas sem vencer. Nós acreditamos no trabalho e mantivemos o técnico Eduardo. Tivemos também que defender essa posição perante o Conselho Deliberativo, ex-presidentes… Foi difícil, até que vencemos o jogo contra o Fluminense e, devagarzinho, fomos afastando essa potencial crise. Terminamos com uma campanha que, se não é a que queríamos, está dentro do planejado e honra a tradição rubro-negra.

E o melhor?

A conquista da Copa do Nordeste. Realmente, saímos de uma situação de praticamente eliminados, apostando em um treinador iniciante, com poucos recursos, enfrentando a descrença de todos em um trabalho muito árduo, e chegamos na conquista do título de campeão do Nordeste.

De alguma forma, o senhor se arrepende de ter mantido Eduardo Baptista por tanto tempo no cargo? Pergunto isso pela forma como se deu a saída dele.

Arrependimento de tê-lo mantido nas funções, não. Até porque na minha visão era o certo a ser feito. E os resultados mostraram isso. Tanto que, ao final do campeonato brasileiro do ano passado, ganhamos sete partidas seguidas. Acho que, muito dificilmente, trocando de treinador teríamos conseguido aquele êxito. No que diz respeito a este ano, também. A manutenção dele também foi, a meu ver, acertada, tanto que chegamos a permanecer por cinco rodadas na liderança da Série A. Fomos o time que (em determinado momento) mais ficou entre os quatro, mesmo antes da chegada de Falcão. Então, o primeiro semestre com a participação de Eduardo foi brilhante, o que mostra que foi acertada a decisão de mantê-lo. Não tenho arrependimentos quanto a isso. 
Ricardo Fernandes/DP
Agora, eu tenho a lamentar, e aí sim, a lamentar e muito a forma como Eduardo saiu do Sport. A lamentar não por mim pessoalmente, mas pela instituição. Eduardo, embora tenha depois falado muito bem do Sport e tal, acho que ele não teve pelo clube o respeito que o Sport teve pelo profissional Eduardo. Não pelo fato dele ele ter aceitado a proposta do Fluminense, porque isso é algo natural, isso ocorre. A qualquer momento você pode encontrar uma situação mais interessante e você ir. O que eu lamento é que Eduardo não se preocupou em ligar para dar uma satisfação, para dizer “olhe estou saindo do Sport porque tive uma proposta melhor”. 

O senhor soube como da saída dele?
Por Nei Pandolfo, que me ligou. Eu tinha acabado de chegar de uma viagem exaustiva que começou às 4h da manhã, com aeroporto fechado, fui para Campinas, não consegui embarcar, cheguei aqui 18h e Nei Pandolfo me ligou aflito porque o time estava acéfalo. O treinador não estava mais lá, o auxiliar também não e tínhamos que colocar o time em campo no domingo. Eu nem desarrumei a mala. Conversei rapidamente com o presidente, peguei outro avião levando Daniel Paulista e Thiago Duarte, voltando para o Rio para conversar com o elenco e tentar minimizar aquele impacto na equipe. Isso eu lamento. Não me arrependo de tê-lo mantido. É um grande treinador, mas a conduta dele na hora de sair não foi compatível com o que o Sport fez com ele, nem de longe foi aquilo que eu esperava dele como profissional zeloso que sempre demonstrou. A saída dele não foi da maneira que eu faria se por acaso tivesse que demiti-lo. Eu conversaria com ele, enfrentaria o assunto por mais difícil que fosse. Como faço com os atletas, por uma questão de respeito.

O senhor chegou a falar com Eduardo após tudo isso?

Eduardo nunca mais me procurou e eu entendi que seria, não digo obrigação, mas que o correto seria a iniciativa dele de nos procurar. Não tenho nada para conversar com Eduardo. Não tenho o que justificar, o que me desculpar… Ele não quis nem escutar nossos agradecimento pelo trabalho que ele fez, que foi um bom trabalho enquanto esteve aqui, e não sou eu que vou procurá-lo.

Essa época do ano, o senhor é extremamente requisitado pela imprensa? O senhor costuma receber em média quantas ligações por dia de jornalistas? Como é lidar com isso?
A procura da imprensa pela notícia é muito intensa. E o Sport hoje não é mais uma entidade local-regional. Hoje ocupa uma posição de destaque no cenário nacional. Somos procuramos por repórteres de todo o país. Agora há pouco estava atendendo uma ligação de São Paulo. Os repórteres nos procuram de todo o Brasil, principalmente do centro-sul, do Sudeste. Então, realmente a quantidade de ligação eu não teria condições de dizer, mas não atendo menos que 20 ligações por dia. Existe aqueles que ligam diariamente, existe outros que são menos frequentes. Procuramos sempre com boa vontade atender a todos. Isso me ocupa, toma meu tempo, cansa, mas não me desgasta. Não me aborrece. O que me desgasta e aborrece é o mau uso da informação. É a falta de zelo. É ter que desmentir afirmações que são lançadas sem a devida análise. Sem a devida investigação. Então, a custa da notícia pela notícia sai qualquer coisa. Mas eu tenho um profundo respeito pela imprensa, procuro tratar bem todos que me tratam bem, que é a maioria, mas evidentemente tem aqueles que tem indiferenças conosco e a gente respeita.

Neste ano, o Sport economizou no primeiro semestre para ter mais poder de barganha no segundo. O clube deve repetir a dose em 2016, com contratações mais modestas no início do ano e atletas mais rodadas para a Série A?

Estamos com a pretensão de formar um time competitivo e forte desde o começo da temporada. Agora, é claro que futebol é muito dinâmico. Essa é a nossa intenção. Nós procuramos através daquele processo seletivo para contratar errar o menos possível, mas nem sempre conseguimos. A nossa pretensão é começar com o time forte desde o início do ano, a não ser que tenhamos algum contratempo ou que surja alguma oportunidade no transcorrer do ano.

O Sport fez uma ótima campanha na Série A e muito se deve ao fato de o clube ter resgatado muitos atletas, caso de André. A partir disso, muitos empresários têm oferecido atletas com esse perfil para o clube?

Nem tanto, até porque são poucos os empresários que nos apresentam atletas. Até porque a nossa lógica não é essa lógica passiva, é a de sermos proativos. Temos um departamento de análise de desempenho e é a esse departamento que damos crédito. Agora, uma coisa é verdade: o Sport está sendo visto no mercado como um clube que tem uma boa visão, com atletas ainda com potencial para o futebol e que, em determinado momento, ainda estão em situação em baixa, digamos assim. E, por conta disso, todo atleta que o Sport bota o olho, a concorrência surge mais rápido. É por isso que não posso revelar o nome dos atletas que estamos negociando. Para você ter ideia, tínhamos um atleta que nesta semana acordou conosco tudo. Vencemos todas as etapas da negociação, ajustamos salários, condições de trabalho, tudo ajustado. Mandamos a minuta do pré-contrato, mas, nesse tempo, algum repórter vazou que o Sport tinha interesse no atleta. Resultado: outro clube foi lá e disse “faço a mesma proposta do Sport, mas dou uma luva maior”. O empresário veio a mim e apresentou isso, perguntando se nós cobriríamos. Respondi que não porque entendia que aquilo era chantagem e entendia que não poderia ceder a aquele tipo de barganha, já que se cedesse ficaria vulnerável a todas as outras negociações. Costumo dizer o seguinte: durante uma negociação, cabe tudo. O cara pode dizer até que quer um helicóptero e eu responder que não é possível. Mas, uma vez fechado, é fechado. É assim que as coisas têm que acontecer. Não posso fechar e depois, porque algum outro clube entrou na jogada, eu cobrir. Muitas das vezes nem existe esse clube ou mesmo que exista, o clube não está interessado no atleta, mas quer onerar o Sport para prejudicar o concorrente. Então, não abrimos mão disso. E é por isso que eu não posso falar o nome de atletas antes de eles terem assinado um instrumento jurídico que nos dê segurança

Como o senhor enxerga a questão das divisões de cotas no Brasil?

Eu entendo que a meritocracia é algo que merece ser observado nessa distribuição. O que chamo nessa meritocratica? O posicionamento do clube no ano anterior. Isso deve ser um critério balizador. Há de se ter também alguma coisa igual para todos os clubes. Uma  parcela teria que ser igual. E uma outra parcela que deveria respeitar o grau de retorno que o clube dá para quem está bancando. E aí, aquele clube que tiver mas popularidade, que der mais retorno para a emissora que está bancando tudo, deveria receber um pouco mais. Mas se tivermos 30% destinado a um rateio considerando a performance, uma parcela de 40% igual para todos os clubes e 30% destinado a um rateio conforme o retorno do clube a emissora em termos de assinantes, pacotes de TV à cabo ou patrocinadores… Aí teríamos uma situação mais equilibrada e possibilitaria um campeonato mais competitivo. Atualmente, no Brasil, essa competição é desleal e a competitividade só aparece ocasionalmente. Ocasionalmente que você tem um clube como o Sport deixando para trás 14 adversários na Série A. Mas isso é fruto de muita luta, muito trabalho, é muito pouco provável que isso aconteça com frequência diante essa diferença abissal. 

A torcida rubro-negra é muito exigente e passou em branco em termos de títulos em 2015. Haverá alguma competição que ganhará maior prioridade e foco por isso?

É uma questão muito delicada que a gente ainda precisa conversar internamente. Agora, claro que o foco do Sport sempre será nas competições de maior repercussão nacional. A Série A é fundamental para o Sport. É daí que são pautados os recursos que vão assegurar a sobrevivência do clube. Posso dizer que de todas as competições essa é a prioridade do Sport.

O senhor é visto por muitos como o sucessor de Martorelli na presidência do Sport. Ainda é cedo para falar em eleições, mas essa possibilidade é discutida entre vocês?

Primeiro, não tenho essa informação que sou tido como sucessor de Martorelli. Segundo, não tenho a menor pretensão de suceder Martorelli e ocupar a cadeira de presidente do Sport. Se eu já admirava figuras como Dubeux, Branquinho, Zé Moura, Luciano Bivar, Milton Bivar, Silvio Guimarães, Martorelli, todos os presidentes, se eu já os admirava pela abnegação, pela doação que é exigida para ocupar essa cadeira, agora que fiquei mais próximo nas gestões de Gustavo, Luciano e Martorelli, eu tenho uma admiração redobrada por essas pessoas e tenho a absoluta convicção de que não é um cargo que eu tenha aspiração.

Para concluir: o que falta para o Sport voltar a ter um título de expressão nacional ou internacional?

É preciso algumas coisas. Primeiro, moralidade na arbitragem. Não é desculpa de perdedor, mas, neste ano, o Sport foi o clube mais penalizado pela arbitragem no Brasileiro. Esse levantamento saiu em determinado momento, salve o engano, no jornal Folha de São Paulo. Caso esses erros, alguns até compreensivos, outros que inquietam e preocupam; caso esses erros não houvessem acontecido, certamente poderíamos ter tido uma condição de luta por título ou posição pela Libertadores. O último dos episódios, que não vou me referir a todos, foi a de um árbitro de Goiânia que foi para lá e não marcou três pênaltis contra o Atlético-PR. Muitos diante do lance… Critérios objetivos. Mão na bola ou bola na mão... Hoje se tem uma regra clara: se for contra o Sport é pênalti, se não for não é. Primeiro ponto é isso: haver moralidade na arbitragem. Segundo, que nós tenhamos recursos para compor um elenco a cada ano mais competitivo. E se esses recursos não vêm da distribuição de cotas, tem que vir do nosso associado, de patrocinadores, e é essa a grande luta do presidente Martorelli. O Sport não fabrica dinheiro, fabrica paixão, fabrica alegria. Mas para que multiplique paixão, é preciso que haja o insumo que se chama dinheiro.
Ricardo Fernandes/DP

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