domingo, 16 de junho de 2013

A nova cara da Azzurra

Ludymilla Sá - Estado de Minas

Ele adora polêmicas. Contabiliza confusões na mesma proporção de seus belos gols com a camisa da Seleção da Itália e dos clubes que defendeu. Na contramão dos ídolos cada vez mais pasteurizados do futebol mundial, o astro do Milan Mário Balotelli já provou que segue as próprias regras. Aos 22 anos, chega à Copa das Confederações como o principal nome da Azurra, em meio a medalhões como Buffon e Pirlo, e a esperança de torcedores que buscam no esporte a emoção da imprevisibilidade. Certamente, todos os holofotes estarão voltados para ele no jogo de estreia contra o México, hoje, às 16h, no Maracanã.

Há quem diga que Balotelli é um jogador esculpido a golpes dados pela vida para explicar seu comportamento intempestivo e fora dos padrões. Filho de imigrantes ganeses, nasceu em Palermo e, aos dois anos, foi adotado por uma família de italianos judeus, de quem herdou o sobrenome. Demonstrou seu talento logo cedo. Aos 15 anos, já era titular do Lumezzane, da Terceira Divisão, e não demorou muito para chamar a atenção da Internazionale. Assinou com o clube de Milão em 2007.

Três anos depois, foi envolvido em negociação com o inglês Manchester United que ultrapassou a casa dos R$ 80 milhões à época. No início do ano, sua volta a Milão foi confirmada, mas como reforço do Milan, que pagou mais de R$ 62,8 milhões pelo atacante depois da negativa de seu empresário, Mino Raiola. “Mario custa tanto quanto a Mona Lisa. Não há clubes na Itália que possam pagar por ele”, disse na ocasião, comparando o valor do jogador ao da obra de Leonardo da Vinci.

Estátua A Seleção Italiana já havia se rendido a Balotelli. Vítima frequente do racismo que assola os campos da Europa, o descendente de africanos tornou-se o primeiro negro a marcar um gol com a camisa da Azzurra. Foi na vitória por 2 a 0 sobre a Polônia na Eurocopa’2011. No ano passado, seus gols levaram a então desacreditada Itália à decisão da competição europeia. Marcou dois gols no triunfo por 2 a 1 que eliminou a Alemanha nas semifinais. A foto do jogador imóvel, com o dorso nu, depois de ter marcado o segundo gol, rodou o mundo e despertou a curiosidade para o fenômeno Super Mario. Irreverente, encomendou estátua de si mesmo para imortalizar a comemoração ao artista italiano Livio Scarpella.

Mas a capacidade de fazer gols do artilheiro é proporcional a sua tendência para confusões. Balotelli coleciona polêmicas. Já foi manchete de jornais por ter soltado fogos de artifício no banheiro e provocar incêndio em sua mansão, por ter lançado um dardo em direção a um atleta juvenil e até por ter oferecido a noiva como pagamento de aposta. No peito, eternizou com uma tatuagem a célebre frase de Genghis Khan: “Sou uma punição de Deus. Se você não tivesse cometido grandes pecados, Deus não teria enviado uma punição como eu para cima de você.”

Concentrado com a Azurra no Rio desde segunda-feira, ele evita a imprensa e até seus companheiros de equipe. Seu único canal de comunicação com os torcedores tem sido as redes sociais. “Profissionalismo, humildade e compromisso” foi uma de suas últimas postagens em seu perfil no Twitter. Mesmo assim, é o mais assediado pelos torcedores e um dos mais admirados pelos jogadores de outras seleções. Balotelli é a prova de que muitas vezes o futebol precisa de anti-heróis.


Nove polêmicas envolvendo o astro

• Atirou dardos em um jogador das divisões de base do Manchester City.

• Invadiu, repentinamente, o Colégio Xaverian, em Manchester, para ir ao banheiro.

• Deu gorjeta de R$ 3 mil para um flanelinha que achou R$ 39 mil no porta-luvas de seu carro.

• Soltou fogos de artifício no banheiro, provocando incêndio em sua própria casa, e foi expulso do condomínio.

• Foi acusado de ligação com a Máfia italiana ao ser flagrado com suspeitos em Nápoles.

• Vestiu-se de Papai Noel azul e distribuiu dinheiro pelas ruas de Manchester.

• Financiou a hospedagem de mendigos no luxuoso hotel onde mora em períodos natalinos.

• Abandonou a partida contra o Dínamo de Kiev, pela Liga Europa, alegando alergia à grama.

• Apostou a própria namorada, a modelo belga Fanny Neghesa, de 22 anos, com jogadores do Real Madrid.

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