É como se os uruguaios tivessem feito um pacto com esses deuses exigentes do futebol: ganhar uma alegria eterna, marcada na pele dos brasileiros naquela tarde de 16 de julho de 1950, em troca de anos de sombras, de decepções, de sonhos minguados diante da dor de uma população cujo tamanho é inversamente proporcional à paixão pela bola. Se foi assim, a conta parece estar zerada. O Uruguai renasce para o futebol, resgata sua tradição secular no contato com o couro e, o mais importante, se reaproxima dos títulos - eles podem reaparecer neste domingo, na decisão da Copa América, contra o Paraguai.
Os cerca de 3,5 milhões de habitantes do Uruguai viram a nação que lhes serve de lar beliscar conquistas nos últimos anos. Parece pouco, mas representa um bocado para o orgulho charrua. De multicampeões na largada do século passado, os uruguaios passaram a coadjuvantes. Agora, tentam repetir pelo menos parte de sua história - marcada por um bicampeonato mundial e duas conquistas olímpicas.
Há uma sucessão de dados. Na Copa do Mundo: semifinalista depois de 40 anos. Na Copa América: chance de ser campeão depois de 16 anos. Nas Olimpíadas: retorno à disputa, passados inacreditáveis 84 anos da última participação. Libertadores: retorno à decisão depois de mais de duas décadas.
Os títulos, é verdade, ainda não voltaram a ser realidade. Mas o crescimento já ajudou a resgatar parte do orgulho futebolístico do país.
- Vou te dar um exemplo perfeito. Em 1970, para vocês, brasileiros, ganharem a Copa do Mundo, precisaram eliminar o Uruguai nas semifinais. Lembro que os jogadores retornaram ao país, depois daquela derrota, e não foram tratados nada bem. No ano passado, o Uruguai também parou nas semifinais. E o país os recebeu com festa – observou Jorge Fossati, ex-treinador da seleção uruguaia.
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