Gabriel Carneiro, especial para a GE.Net São Paulo (SP)
Vítima de um sequestro relâmpago em que ficou por quase três horas na
mira de um revólver e rodando pela cidade de São Paulo com um bandido e
na companhia de sua esposa, o chileno Valdívia negou que o retorno de
Daniela e dos filhos ao Chile e mesmo o trauma decorrente da exposição
direta à violência sejam um pretexto para ele deixar a equipe do
Palmeiras.
Valdívia se considera devedor do Palmeiras desde que
foi repatriado, em julho de 2010 – comprado por R$ 15,2 milhões.
Exatamente por esse motivo, o jogador não quer levar muito tempo para
decidir seu futuro dentro da equipe. Contrariando as expectativas de que
fosse fazer o anúncio da permanência ou da saída na coletiva de
imprensa convocada para esta quinta-feira, o chileno definiu o prazo
para, no máximo, de duas a três semanas.
“Eu não quero prolongar
muito, de ficar duas ou três semanas sem decidir, porque o Palmeiras
merece respeito. É uma decisão que não é fácil, que toma tempo, mas sei
que não pode ficar tanto assim. Hoje eu estou mais calmo, porque essa
pessoa (o seqüestrador) foi presa e vai ficar presa muito tempo. A
partir de agora começo a ter mais claro o que vai acontecer comigo”,
pontuou Valdívia, interessado em continuar no Verdão: “O Sampaio foi
muito claro, porque a intenção é que eu fique, mas eles vão me apoiar na
decisão que eu tomar”.
Desde sexta, quando retornou a Santiago
atendendo a um pedido da esposa Daniela, Valdívia tem recebido ligações
de apoio, mas, ao mesmo tempo, teve que lidar com o fato de muitas
pessoas não acreditarem. Mais calmo, ele releva as dúvidas quanto à
veracidade do fato: “Fiquei chateado quando vi que algumas pessoas
acharam que eu estava mentindo, que era um pretexto para sair do
Palmeiras, mas não. Eu passei quase três horas de terror, de não saber
se a pessoa que me sequestrou junto com minha mulher iria nos matar”.
Na
última quinta, às 21 horas, Valdívia e sua esposa foram abordados pelo
bandido Rogério Santos, de 36 anos, na entrada de uma loja na Avenida
Sumaré, como comprovaram imagens do circuito de segurança da locadora de
vídeos a que eles haviam se dirigido. Com o jogador e o sequestrador à
frente e Daniela no banco traseiro, eles sacaram R$ 1.000 de um caixa
eletrônico da Zona Oeste de São Paulo e chegaram a passar em uma
lanchonete a pedido do assaltante.
Quando Rogério soube que sua
vítima era Jorge Valdívia, jogador do Palmeiras, ligou para algum amigo
como se estivesse comemorando, mas depois exigiu o pagamento de mais R$
19 mil. Como o horário de fechamento dos bancos já havia passado, os
dois se dirigiram a uma loja de auto-peças, em que o bandido tentou, mas
não conseguiu comprar alguns itens. Na sequência, Valdívia e Daniela
foram deixados próximos do CT do clube, na Avenida Marquês de São
Vicente, e o seqüestrador seguiu de táxi para casa, sendo preso na terça
enquanto praticava outro roubo.
A única oportunidade dentro de
todo o processo em que Valdívia pensou em reagir foi justamente na loja
de auto-peças, mas o medo de uma loucura por parte do bandido o fez
desistir: “Pensei em fazer uma coisa, mas lembrei que no cemitério está
cheio de super heróis. Se eu saísse correndo, talvez minha mulher não
alcançasse. Eu não conseguia fazer nada, só queria viver”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário