sexta-feira, 10 de abril de 2015

Todos com a Nota ameaçado de chegar ao fim? Paulo Câmara pondera a hipótese

 Emanuel Leite Jr. /Especial para o Diario

No início de fevereiro, o governo do estado anunciou um corte de R$ 320 milhões nos gastos da máquina pública em 2015. Em meio à contenção de despesas, nem o programa Todos com a nota (TCN) escapou ao arrocho nas contas públicas. Desde o segundo semestre de 2007, o programa esteve presente em todas as competições com participação dos clubes do Estado. Em 2015, porém, o torcedor não teve acesso ao TCN na Copa do Nordeste. Agora, em meio à ebulição do rescaldo dos distúrbios entre as torcidas organizadas Jovem e Inferno Coral, no último domingo (5), o governador Paulo Câmara (PSB) cogita uma reformulação no programa ou até mesmo sua extinção.

A declaração foi dada nesta quarta-feira (8) à Rádio Jornal. Questionado acerca da possibilidade de acabar com o TCN, o mandatário não descartou a hipótese. “Solicitei aos secretários de Defesa Social e da Casa Civil que iniciassem um processo de discussão imediata com os clubes de Pernambuco e com a FPF  para analisar os cuidados que se tem que ter com esse grupo de torcedores que continuam a fazer baderna. Pernambuco, como grande incentivador do esporte, a partir do programa todos com a nota, tem uma preocupação muito grande para isso. E se isso (a revisão ou a extinção) for uma solução a gente não vai se omitir de tomar as decisões necessárias, o que não vamos permitir é que se repitam cenas como a do último domingo passado”.
Ou seja, na ótica do governador, a violência no futebol pernambucano pode estar atrelada ao programa que permite a milhares de torcedores o acesso a um das formas de entretenimento mais apreciadas pelo brasileiro: o futebol. Atualmente, existem 420 mil usuários cadastrados no Grande Recife, onde é obrigatório o uso de cartões magnéticos no Todos com a nota. Número que corresponde a 10,7% de toda a população da região metropolitana. Ao cogitar a alternativa de acabar com o TCN, Paulo Câmara considera uma opção - além de arraigada de preconceito e elitismo - excludente, por poder tirar o divertimento de uma parcela mais humilde da população.

Questionado acerca da real possibilidade de a medida mais drástica ser tomada pelo Governo do Estado, Gustavo Aguiar, coordenador do programa, optou por não opinar a respeito. “Eu só soube da declaração no fim do dia. Então, prefiro não falar sobre o tema agora”, justificou.

Dirigentes confiam em solução
O presidente da Federação Pernambucana de Futebol (FPF), Evandro Carvalho, revelou ao Superesportes que desde a segunda-feira tem participado de reuniões com as autoridades públicas competentes a fim de se definir uma medida concreta para dirimir a violência nos arredores dos estádios pernambucanos. “Já estamos fazendo isso desde anteontem, tivemos reunião ontem durante todo o dia - com a SDS, Polícia Militar, órgãos de trânsito e Prefeitura. A gente sabe qual é o problema e também sabe qual é a solução”, declarou.

Para o dirigente máximo do futebol local, não existe outro remédio que não seja a punição aos infratores. “Punir rigorosamente essas pessoas, que são vândalos, que se utilizam das máscaras de torcida para cometer crimes. São gangues. Não são torcedores. A gente tem que prender, autuar em flagrante e punir”, disse. “A gente precisa resolver a violência fora de campo. E nós vamos resolver”, assegurou.

Na opinião de Arnaldo Barros, vice-presidente executivo do Sport, a declaração do governador denota atenção por parte do chefe do poder público estadual. “Isso reflete uma grande preocupação do governador com a segurança nos estádios e ao redor dos estádios em dias de jogo”, ponderou.

Barros, entretanto, assim como Evandro Carvalho, confia numa sapida menos radical. “Não creio que vamos chegar a esse extremo. Somos inteligentes, vamos sentar e chegar a uma solução para esse problema, para garantir a segurança e a integridade dos torcedores. E acredito que vamos preservar esse patrimônio do torcedor pernambucano que é o Todos com a nota.”

A reportagem tentou, sem êxito, obter a opinião dos dirigentes do Santa Cruz e Náutico. Contactou Alírio Moraes e Constantino Júnior, presidente e vice-presidente executivo tricolores, respectivamente. E também Gustavo Ventura e Durval Valença, presidente em exercício e vice executivo timbus. Nenhum deles atendeu às ligações.

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