Nesta quarta-feira, pontualmente às 20h, no salão nobre da Ilha do Retiro, começa a nova gestão do Sport. O empresário Gustavo Dubeux será empossado como novo presidente do clube para o biênio 2011/2012. Assume o comando com o respaldo de 98,21% dos votos na eleição mais esmagadora da história rubro-negra. Aprovado pela torcida, bemquisto nas inúmeras castas políticas do Leão e com influência no mercado. Um cenário positivo neste pontapé de fato e de direito. Tudo com o apoio de um colegiado formado por lideranças do clube, incluindo quatro ex-presidentes.
Dubeux assume um Sport na Série B, com uma receita apertada. Terá 30% da cota original do Clube do 13, pela transmissão do Campeonato Brasileiro. Os leoninos vão embolsar R$ 3,9 milhões.
O planejamento na Ilha vem sendo tratado em reuniões a cada dois dias, mas a execução deste projeto a longo prazo passa pelo sucesso no campo. Sport "Club do Recife", mas movido a futebol.
Pronto para assumir o clube, Dubeux tem consciênciade que o desempenho no Estadual vai marcar a sua gestão. Caso levante a taça, o auge. Caso fracasse, que saiba segurar as rédeas para uma temporada desgastante. Na véspera de sua posse, o clube confirnmou a contratação do meia Élvis, ex-Santa Cruz.
As metas:
Hexa
A gestão de Dubeux começa pressionada. Apesar da hegemonia de títulos estaduais (39, contra 24 do Santa e 21 do Náutico), os torcedores leoninos sonham em, no mínimo, igualar a maior sequência do Pernambucano, que ainda pertence ao Timbu, campeão seis vezes entre 1963 e 1968. Como a primeira tentativa, fracassada, é recente (em 2001), o novo mandatário ficará marcado logo nos primeiros cinco meses de sua gestão. Negativa ou positivamente.
Acesso
Desde a implantação dos pontos corridos no Brasileiro da Série A, em 2003, o Sport só participou de três edições. Em 2011, o time irá para a segunda participação seguida na Segundona - neste ano, nem figurou no grupo de acesso. A presença na elite é primordial para equilibrar finanças e assinar contratos mais rentáveis. Para quem disputou a Série A 28 vezes entre 1971 e 2001, o Sport está se "acostumando" com o segundo degrau. Historicamente, não faz parte dele.
Finanças
Em 2009, o Sport, então na Série A e disputando a Libertadores, teve a maior receita de sua história, com R$ 30 milhões. Esse valor, porém, está distante do patamar alcançado por clubes do mesmo porte, como o Atlético-PR. O rubro-negro de Curitiba arrecadou exatamente o dobro neste ano, englobando cotas (completas), patrocinadores de amplitude nacional e quadro social sólido. Além, é claro de várias transações de jogadores revelados no CT do Caju, do Furacão.
Sócios
O Sport até lançou a campanha "Guerreiros da Ilha", mas o número não passou de três mil, bem abaixo de quem projetou 30 mil. O modelo do Inter de Porto Alegre segue como referência. A fidelização através de facilidades como débito em conta precisa se aplicada, assim como mais benesses. Uma delas, o direito a voto, excluído no projeto leonino e presente no gaúcho. Com 106 mil sócios em dia, muitos no interior, o Colorado arrecada R$ 3,8 milhões por mês.
Amadorismo
Referência na década de 1990 como celeiro de novos craques, o Sport "perdeu o bonde" nos últimos dez anos - resultado do fechamento das categorias de base, em 2001, com Luciano Bivar na presidência. O mesmo Bivar volta para consertar o erro de interpretação da Lei Pelé, à frente da modernização do CT em Paratibe. O acordo com o banco BMG, de R$ 2 milhões, deve viabilizar não só a forma
Para não repetir:
Isolamento
A gestão de Silvio Guimarães ficará marcada, entre outras coisas, pelo isolamento político. Apesar de ter dito que ´recebia telefonemas de apoio, os seus diretores foram saindo um a um. A situação só foi contornada com o time afundando na Série B, quando o colegiado assumiu o futebol. Um clube do tamanho do Sport nunca foi bem gerido de forma totalitária. Com uma direção de futebol experiente para 2011/2012, Dubeux tem a oportunidade de delegar tarefas.
Fiscalização
Em 2008, o Sport surpreendeu ao ser vice-campeão brasileiro Sub-20. Porém, o time acabou perdendo alguns atletas pelo suposto não recolhimento do FGTS. O volante Eliseu foi o caso principal. Além de revelar jogadores, o clube precisa ficar mais atento ao seu "patrimônio", alertando o departamento jurídico sobre brechas em contratos. Acordos com dívidas antigas, muitas delas assinadas na gestão atual (mérito), devem ser honradas, para não voltar à estaca zero.
Um ano, dois times
Os clubes locais costumam montar duas equipes por ano.Uma para o Estadual e outra para a Série B. Tratar a montagem do time por pelo menos uma temporada mantém um trabalho a longo prazo. O time na Série B foi bastante modificado em relação ao do Pernambucano (chegaram Marcelinho Paraíba, Germano etc), mostrando a carência da equipe pentacampeã. Distratos e multas rescisórias de jogadores "para compor o grupo" geram despesas desnecessárias.
Apostas
Os técnicos Péricles Chamusca e Toninho Cerezo têm gabarito no futebol. No entanto, ambos estavam há muitos anos no futebol japonês, quando foram contratados pelo Sport. Não agradaram. Primeiro, Chamusca, que indicou Paulinho, um meia ao custo da bagatela de R$ 400 mil por apenas três meses. Depois, neste ano, Cerezo. Também defasado em relação ao mercado brasileiro de jogadores. Em ambos os casos faltou uma identificação maior com o clube.
Agilidade
Em mais de uma oportunidade, Silvio Guimarães demorou para tomar uma decisão que já era clara para a maioria esmagadora da torcida. Casos das demissões de Péricles Chamusca e Toninho Cerezo. Além disso, a diretoria de futebol sempre esgotou a paciência dos torcedores antes de apresentar reforços que chegassem para dar mais qualidade ao elenco. Apesar da burocracia para acertos, é preciso cobrar mais agilidade do colegiado.
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