sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Até quando racismo sem punição?

Redação Superesportes - Diario de Pernambuco

A defesa em favor de atletas atormentados por insultos raciais se repete a cada novo caso. Nesse ciclo, as injúrias recebem pouca ou nenhuma punição, a falta de pulso das entidades mantém esse tipo de agressor nos estádios e, por fim, surge uma nova vítima. A Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) promete tomar as “sanções pertinentes” para que as ofensas contra o volante Tinga, ocorridas quarta-feira no jogo entre Real Garcilaso e Cruzeiro, pela Libertadores, não passem em branco.

Boa parte dos torcedores peruanos presentes no Estádio de Huancayo imitava macacos quando Tinga recebia a bola. Mesmo condenada por figurões da política e do futebol, a atitude dificilmente vai causar uma punição exemplar. O regulamento da Conmebol prevê até exclusão do torneio em casos de discriminação, mas a sanção não deve ir além de uma multa.

Apesar de tantos registros do tipo, na América do Sul não há histórico de estádios fechados nem clubes banidos devido a crimes raciais cometidos por torcedores — ainda que imagens de tevê captem, muitas vezes de forma clara, os responsáveis pelas injúrias.

Mais ofensas
Xingamentos, urros, cânticos e gritos ofensivos seguem impunes ao redor do mundo. Na Rússia, em outubro, o volante marfinense Yaya Touré sentiu o ódio de torcidas organizadas do CSKA Moscou e lançou a ideia de boicotar a Copa que será disputada no país, em 2018, caso os times locais não recebam punições. A Uefa agiu, mas sem firmeza, ao decidir fechar apenas uma parte das arquibancadas da Arena Khimki.

Na principal obra do escritor russo Fiódor Dostoiévski, Crime e castigo, o jovem protagonista se arrepende de um ato criminoso antes mesmo de ser punido. Já o preconceito de raça parece menos grave para quem recorre a uma ofensa do tipo. Não adiantou nem o presidente do Peru, Ollanta Humala, condenar a atitude dos torcedores: os principais portais de notícias peruanos ignoraram os insultos ouvidos por Tinga e trataram a cobertura da vitória do Real Garcilaso sobre o Cruzeiro somente como uma obra de heróis do povo andino.

Nenhum comentário:

Postar um comentário