Redação Superesportes - Diario de Pernambuco
A defesa em favor de atletas atormentados por insultos raciais se repete
a cada novo caso. Nesse ciclo, as injúrias recebem pouca ou nenhuma
punição, a falta de pulso das entidades mantém esse tipo de agressor nos
estádios e, por fim, surge uma nova vítima. A Confederação
Sul-Americana de Futebol (Conmebol) promete tomar as “sanções
pertinentes” para que as ofensas contra o volante Tinga, ocorridas
quarta-feira no jogo entre Real Garcilaso e Cruzeiro, pela Libertadores,
não passem em branco.
Boa parte dos torcedores peruanos
presentes no Estádio de Huancayo imitava macacos quando Tinga recebia a
bola. Mesmo condenada por figurões da política e do futebol, a atitude
dificilmente vai causar uma punição exemplar. O regulamento da Conmebol
prevê até exclusão do torneio em casos de discriminação, mas a sanção
não deve ir além de uma multa.
Apesar de tantos registros do
tipo, na América do Sul não há histórico de estádios fechados nem clubes
banidos devido a crimes raciais cometidos por torcedores — ainda que
imagens de tevê captem, muitas vezes de forma clara, os responsáveis
pelas injúrias.
Mais ofensas
Xingamentos,
urros, cânticos e gritos ofensivos seguem impunes ao redor do mundo. Na
Rússia, em outubro, o volante marfinense Yaya Touré sentiu o ódio de
torcidas organizadas do CSKA Moscou e lançou a ideia de boicotar a Copa
que será disputada no país, em 2018, caso os times locais não recebam
punições. A Uefa agiu, mas sem firmeza, ao decidir fechar apenas uma
parte das arquibancadas da Arena Khimki.
Na principal obra do
escritor russo Fiódor Dostoiévski, Crime e castigo, o jovem protagonista
se arrepende de um ato criminoso antes mesmo de ser punido. Já o
preconceito de raça parece menos grave para quem recorre a uma ofensa do
tipo. Não adiantou nem o presidente do Peru, Ollanta Humala, condenar a
atitude dos torcedores: os principais portais de notícias peruanos
ignoraram os insultos ouvidos por Tinga e trataram a cobertura da
vitória do Real Garcilaso sobre o Cruzeiro somente como uma obra de
heróis do povo andino.
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