terça-feira, 2 de março de 2010

Um Brasil que sempre vence, mas nunca convence


De novo, o Brasil de Dunga venceu. Mas, de novo, o Brasil de Dunga não convenceu.

A ladainha vem de outros carnavais. Sem criatividade no meio-campo, os representantes do futebol mais alegre do mundo insistem em basear seu jogo nos contra-ataques, no melhor estilo "time pequeno".

Kaká, coitado, única cabeça pensante, sofre para armar as jogadas. Em seu íntimo, deve orar constantemente por uma companhia de mais categoria.

Dos 3 volantes, apenas Ramires, aberto na direita, tenta criar alguma coisa.

Muito pouco para uma meiuca que já foi formada por Falcão, Sócrates, Cerezo e Zico.

"Há a opção do Daniel Alves!", dirão os defensores dessa Seleção de resultados.

Verdade. Sempre que entra, o LATERAL do Barcelona corresponde às expectativas. Se não tivéssemos um Ronaldinho Gaúcho excluído do grupo, o baiano seria ótima opção.

Aliás, os defensores do Dentuço podem, desde já recolher suas fichas. Com a vitória e a boa participação de Carlos Eduardo nos poucos minutos que jogou, Dunga deve ter ido embora com a sensação de triunfo sobre os corneteiros de plantão.

No ataque, apenas na segunda etapa houve produtividade. Na primeira, um gol contra, nascido de um lance irregular, trazia àqueles que acabavam de ligar a TV a falsa sensação de que a partida era tranquila.

Talvez o Brasil conquiste sim a Copa do Mundo da África. A equipe tem valores individuais de peso, como Kaká e Robinho. Além disso, conta com a segurança de uma defesa formada por dois grandes zagueiros, balizada pelo melhor goleiro do mundo na atualidade. Porém, a estrada para o hexa poderia ser bem menos turbulenta.

É respeitável o argumento de Dunga, quando prioriza a união de seus comandados. Mas, insistir em tornar uma escola de futebol-arte, em uma versão melhorada da tradicionalmente pragmática e eficiente Alemanha, beira à teimosia.

Ao afastar o estilo de jogo brasileiro de suas raízes, o capitão do tetra vai na contramão do futebol atual.

A Espanha de hoje prima pela técnica. Assim como a Holanda e a Inglaterra. Até a citada Alemanha, usa e abusa de uma geração de garotos talentosos.

Não que tais seleções sejam as favoritas ao título. Em um Mundial, o peso da camisa vale bastante e, por isso, Brasil e Itália devem ser sempre respeitados.

Mas, sem dúvidas, caso Dunga não quisesse, como bem afirmou o jornalista Vitor Sérgio Rodrigues em seu blog, transformar a "amarelinha" em um objeto de vingança, o torcedor brasileiro dormiria hoje muito mais sossegado. Uma boa noite e um abraço a todos!

Edição Especial: Roberto Junior


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