terça-feira, 11 de agosto de 2009

Entrevista do presidente Fernando Bezerra Coelho


O presidente assumiu a culpa pelo vexame da equipe, comentou pontos de sua gestão até o momento e adiantou alguns dos planos do clube para o futuro, já que a equipe ficará cinco meses sem disputar campeonatos oficiais e, no Pernambucano de 2010, terá, mais uma vez, que fazer uma boa campanha para garantir a vaga na Série D.

DECEPÇÃO

“Para o Santa Cruz não tem nada bom. Hoje o sentimento é de decepção, de frustração, por não ter conseguido o objetivo maior de classificar o Santa Cruz para a Série C. Estamos em dívida com a essa imensa torcida por tudo que ela fez, pelo apoio, pelo carinho, pelo incentivo para que o clube pudesse se soerguer já a partir deste ano”, afirmou o presidente.

RESPONSABILIDADE

FBC assumiu integralmente a culpa pelo que se passou com a equipe no Brasileiro. “Assumo a culpa. A responsabilidade é sempre do presidente. Na nossa estrutura de futebol, sou o responsável, o culpado pelo fato de o clube não ter logrado êxito nessa disputa da Série D”, disse

MUDANÇAS NO PLANEJAMENTO DA TEMPORADA

O presidente também foi questionado sobre a mudança no planejamento traçado no início da temporada, que resultou na redução da folha salarial, forçando a saída do técnico Márcio Bittencourt e inviabilizando a permanência de vários destaques do time no Pernambucano. “Nós terminamos o Pernambucano com um déficit de mais de um milhão de reais. O Santa Cruz não gerou receitas suficientes para se manter sustentável. Tivemos que reduzir, mas a redução foi de 550 mil para 350 mil no futebol”, explicou.

Questionado sobre as saídas de atletas, o presidente lembrou que grande parte dos jogadores que deixaram o clube o fizeram por não estarem dispostos a jogar a Série D e não necessariamente por questões financeiras. “Os jogadores que saíram, Marcelo ramos, Thiago Mathias, Márcio Barros, Pedro Henrique, saíram por que quiseram, não deram chance nem de a gente fazer uma contra-proposta. Marcio Barros ganhava 24 mil no Santa Cruz e foi para o Náutico para ganhar 25 mil, mas foi para jogar a Série A. Era difícil segurar os jogadores para jogar a Série D. Mas o Santa Cruz teve recursos, teve apoio, teve estrutura para poder fazer uma campanha muito melhor do que a que fez”, garantiu.

SÉRGIO CHINA

Uma das principais polêmicas da gestão de FBC foi em relação ao técnico Sérgio China, contratado para treinar a equipe em substituição a Márcio Bittencourt. Apesar de ter sido uma opção que agradou logo de cara, o trabalho de China não rendeu resultados em campo, levando a torcida a pedir sua saída no decorrer da Série D.

O próprio presidente acabou envolvendo-se na polêmica, ao divulgar uma carta de motivação na semana que antecedeu o jogo contra o Sergipe, no Arruda. Tal carta foi interpretada como um ultimato ao treinador, que, de fato, acabou demitido após a derrota por 2x1 para os sergipanos.

FBC não se arrepende, mas lamenta que a aposta em China não tenha rendido frutos. “A carta, se tivesse que escrever, escreveria de novo. Pois tivemos dois meses para a preparação do time, contratamos mais de 16 jogadores e não tem nenhum time da Série D com o orçamento do Santa Cruz, que é de 350 mil”, disse.

Mas, apesar dos maus resultados, o presidente isenta o treinador. “Eu sou o responsável, pois quem escolheu Sergio China para dirigir o Santa Cruz fui eu. Mas, infelizmente, a aposta que fizemos em um profissional de Pernambuco, em um profissional jovem, não deu certo. Tinha tudo para dar certo, mas infelizmente não deu”, lamentou..

PATRIMÔNIO

Outra crítica que FBC recebeu foi pelo fato de o clube, mesmo com escassos recursos, ter investido no patrimônio em detrimento do futebol. O presidente não vê razão em tal crítica, pois, segundo ele, a recuperação do Arruda era necessária e houve sim investimento no futebol.

“Nesse período que estamos à frente do Santa Cruz investimos 5 milhões de reais na recuperação física do estádio José do Rego Maciel. Alguns dizem: devia ter investido no futebol, não em estádio. Não queríamos repetir o episódio da Fonte Nova, quando o estádio desabou. Nós recuperamos o Arruda para gerar mais receita. O Santa Cruz, que só recebia de 20 a 25 mil torcedores, teve a alegria de receber 56 mil na partida da Seleção Brasileira e agora mais 40 mil, isso gerando receita. No futebol nós investimos quase 7 milhões de reais, portanto investimos mais no futebol do que no patrimonial”, alegou.

INATIVIDADE

A realidade será dura para o Santa Cruz nos próximos meses, mas alternativas serão buscadas para não deixar o clube parado. “O fato de não continuar jogando vai criar as dificuldades. Vamos admitir qualquer alternativa que seja cogitada, seja uma excursão, seja a Copa Pernambuco para manter o time em atividade e também gerar receitas. Quando chegamos ao Santa Cruz enfrentamos um desafio muito maior, encontramos salários atrasados há mais de dez, doze meses. Agora estamos mais calejados e vamos, com a união da diretoria, com o apoio o Conselho Deliberativo e, sobretudo, com o apoio da torcida enfrentar esses desafios para seguir com o nosso projeto”, garantiu.

SALÁRIO DOS FUNCIONÁRIOS

Com o time parado, um dos objetivos será regularizar a situação dos funcionários administrativos do clube. “O salário dos jogadores está em dia, já o dos funcionários está dois meses atrasado. Vamos priorizar a situação dos funcionários pois vamos ter que liberar os jogadores e toda essa despesa que tínhamos com o futebol profissional será bastante reduzida”, disse.

PLANEJAMENTO

Para FBC, esse é o momento para aqueles que fazem o clube se reunirem para planejar os próximos passos da instituição. “Quando assumimos nós dissemos que o local de debate no Santa Cruz era o Conselho Deliberativo. Já há uma reunião convocada para amanhã (terça), para que possamos ouvir as críticas, fazer um balanço, colher sugestões e vamos preparar uma proposta para submeter ao Conselho na próxima semana. Hoje nos reunimos só o Executivo do Santa Cruz para que pudéssemos fazer um balanço de tudo aquilo que ocorreu no jogo desse domingo”, explicou.

FUTURO

O presidente também falou sobre seu mandato e garantiu que permanecerá no cargo até o fim, porém, ressalvou que isso só será possível com o apoio do torcedor. “Fico até o fim do mandato, mas nenhum presidente do Santa Cruz fica sem o apoio da torcida, esse é um time de massa. Mesmo ali na alegria da inauguração do Arruda, quando me pediram para ficar quatro anos, eu disse que só ficaria dois. Vou cumprir o meu mandato, mas preciso do apoio da torcida”, disse.

“Tem uma frase de um grande estadista americano, o Benjamin Franklin: “o homem que põe a mão no arado e olha para trás não está apto a entrar no reino dos céus”. Estamos na metade do nosso mandato. Vamos continuar arando, semeando, e seremos julgados ao final”, garantiu.

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